quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A educação emancipadora no processo de ensino EAD


Resumo

O texto a seguir trata da transformação de Jacotot de mestre tradicional para mestre emancipador, fazendo com que os alunos desenvolvam habilidades e competências no seu processo de construção de conhecimento, assim como na modalidade de ensino EAD, onde o tutor é um incentivador, e o aluno é o responsável por sua aprendizagem, e pela busca de um aumento de suas qualidades pessoais e intelectuais.


O livro do filosofo Jacques Ranciére, O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual, conta a história de Joseph Jacotot, professor francês confrontado a uma situação pedagógica inaudita, é levado a romper com os pressupostos sobre as condições do ensinar. Jacotot se encontrou na condição de ter que ensinar literatura francesa a alunos holandeses que ignoravam o francês assim como ele ignorava o holandês. Com isso Jacotot aplica um método diferente do tradicional, onde o professor emancipa seus alunos.

Antes de se encontrar em tal situação Jacotot acreditava ser o papel do mestre o de transmitir conhecimentos aos alunos. Porém diante dessa nova situação, ele introduziu uma revista Telêmaco que era uma edição bilíngue (francês-holandês).

A partir da revista e de um interprete que o auxiliou na comunicação com os alunos, ele orientou a todos que lessem e escrevessem em francês o que haviam compreendido, Jacotot teve uma surpresa ao ver que seus alunos se saíram muito bem. Assim ele começou a refletir: seria então desnecessário a explicação? Ele passou a acreditar que seria preciso mudar seu método tradicional de ensinar. Através da explicação, o mestre transmite seus conhecimentos e verifica se o aluno entendeu, o que para Jacotot, passa a ser o principio do embutecimento, o da explicação, o mestre mantém-se distante do aluno, transmite seu conhecimento em partes e o aluno sempre precisará de um mestre explicador para aprender. E, em contradição a esse principio surge o principio da emancipação.

No método emancipador pode-se ensinar o aluno qualquer coisa. Mas para isso, é necessário que ele construa o seu conhecimento, aprenda sozinho, usando apenas a sua inteligencia.

Em o mestre ignorante de Ranciére, é forte a ideia de que a vontade de aprender é que leva o homem a aprender, assim como na educação a distância, todos têm inteligencias iguais, apesar de vivermos em uma sociedade desigual, que não há ninguém mais inteligente que o outro, mais sim inteligências que não foram igualmente exercidas, atingindo com isso a população historicamente excluída.

A EAD contribui com um processo educativo diferenciado, um novo estilo pedagógico, proporcionando ao aluno o desenvolvimento e desejo de conhecer, a capacidade de construir e de transformar através de uma aprendizagem produtiva, tendo o tutor como um incentivador e orientador dessa aprendizagem

A postura da modalidade educacional EAD mediante a educação sofista

Resumo

A postura sofista trata o professor como detentor do conhecimento, em que por meio da retórica induz o aprendiz a aceitar suas ideias sem questioná-las, apenas concebendo-as como verdades absolutas. Em contraposição a esta postura,a metodologia EAD dá outra significância ao processo de ensino aprendizagem,onde o educando é estimulado a participar ativamente da construção do próprio saber.


A educação proferida pelos sofistas baseava-se na arte da retórica. Os sofistas eram vistos na sociedade ateniense como grandes sábios, por dominar a arte de expressar bem e, por assim ser, julgavam-se detentores do saber, do conhecimento. Apesar de não buscarem a verdade, como os socráticos, tinham respostas para todos os questionamentos fundamentados por suas teorias retóricas, pronunciavam seus pensamentos de modo inteligente e convincente.

De acordo com Chauí,

[…] para os sofistas, a retórica, tékhne rhetoriké, é a arte de persuadir oferecendo os lógoi,isto é, as razões ou argumentos e definições de uma coisa, tendo como base não o que a coisa seria em si mesma ou por natureza (phýsei),mas tal como ela parece e nos aparece e tal como nos será útil. Em outras palavras, a retórica parte de nossas opiniões sobre as coisas e nos ensina a persuadir os outros de que a nossa opinião é a melhor. (2001, p.167)

Nessa conjectura os sofistas conseguiam despertar em seus discípulos a habilidade da argumentação discursiva, sobre questões pertinentes à sociedade grega, haja vista que a educação ateniense no período clássico, buscava preparar o homem para a vida social (pólis), como um bom cidadão, enfim, discursavam sobre a virtuosidade do homem. Eram vistos como parte da elite, de certa maneira, uma vez que estavam dispostos a falar para quem estivesse disposto as pagar por seus discursos, geralmente jovem abastados.

Em contraposição à postura sofista está a proposta aplicada à metodologia EAD, já que a educação à distância busca levar o educando ao saber fazer, saber agir, saber questionar, saber pensar, de modo crítico e transgressor das próprias ideias, conforme a pedagogia freiriana, que se baseia no fato de que ensinar não é apenas transmitir conhecimentos, mas propiciar a produção do saber.

No processo educacional da modalidade de ensino EAD o aluno é estimulado a buscar a construir e reconstruir o seu saber, o aluno não é espectador da aprendizagem, mas agente atuante da própria. Além disso, visa atender uma clientela que tem dificuldade em qualificar-se presencialmente, normalmente pela falta de tempo com os diversos afazeres pertinentes a vida pessoal ou profissional, ou ainda, por encontrar-se distante de instituições acadêmicas bem conceituadas.

A metodologia aplicada à EAD fundamenta-se ainda, em congregar a teoria e a prática do processo de ensino aprendizagem de modo dinâmico, propicia não apenas momentos que possibilitam a aprofundamento de conhecimentos, a lapidação dos saberes, mas também, o desenvolvimento de habilidades e competências, onde o educando é instigado a lidar com o novo, sendo motivado a conhecer diversos recursos tecnológicos e novas práticas de aprendizagem e, a partir daí, o aprendiz é excitado a libertar-se dos paradigmas da educação, tornando sua aprendizagem mais significativa.

Referências

CHAUÍ, M. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Brasiliense, 1994. v. I.

O despertar do conhecimento segundo Sócrates e sua relação com a EAD


Resumo

Traçando um paralelo entre a metodologia EAD e a corrente filosófica de Sócrates, observam-se as congruências entre a proposta emancipadora da Educação à Distância e o método socrático de ensino, embasado na apresentação de interrogações para as quais se buscam respostas a partir dos esforços dos próprios alunos.




O conhecimento humano é uma das temáticas mais abordadas pelos pensadores desde a Antiguidade.
Importantes obras foram publicadas no intuito de esclarecer o referido assunto, no entanto, não há como explicá-lo sob uma única vertente.
Dentre as correntes filosóficas que tratam o presente tema, merecem especial consideração as ideias de Sócrates, segundo as quais, a maior relevância do conhecimento consiste na “melhor forma de viver”.
Tal ideia se fundamenta em sua concepção sobre a essência humana, pois acreditava que a alma é que difere o homem das demais coisas da natureza, assim, o indivíduo é a representação da própria alma.
Esta, por sua vez,está intrinsecamente associada à forma de pensar e agir e ao uso crítico da razão.
Em oposição aos sofistas, Sócrates defende a democracia e a liberdade do conhecimento racional.
Seu conceito sobre o melhor método de ensino passa pelo questionamento feito ao aluno a respeito do que se pretende que ele aprenda, fazendo com que encontre suas próprias respostas ao invés de discorrer sobre o assunto.
Menciona, ainda, que o desenvolvimento do conhecimento varia de pessoa para pessoa, pois cada indivíduo busca dentro de si a bagagem que traz consigo, embora nem sempre saiba que o tem, apenas quando indagado a respeito é que se recorda.
A partir de então, se dá a atuação do mestre, que deve proceder como alguém que nada sabe e orientar o aluno na busca de respostas, conduzindo-o ao aperfeiçoamento intelectual.
Partindo do pressuposto de que a felicidade está vinculada à busca pelo saber e pela verdade, desenvolveu um método de ensino pautado em três etapas.
Na primeira, ao contrário dos sofistas que se colocavam como detentores do saber,equipara seus conhecimentos ao nível do aluno iniciando um diálogo a partir do qual constrói seu interrogatório a respeito do assunto que pretende trabalhar.
Na segunda, investindo na busca do conhecimento, suscita dúvidas que conduzem o aluno a rever seus conceitos sobre o tema proposto, ao invés de oferecer as respostas para a suposta aprendizagem.
Na terceira e última etapa de seu método denominada maiêutica, conduz seu interlocutor a identificar a própria ignorância, despertando o interesse pelo conhecimento.
Diante do exposto, conclui-se que o homem encontra a felicidade ao descobrir o conhecimento verdadeiro de acordo com suas limitações, movido pelos próprios esforços, fundamentando-se no uso da razão.
Para alcançar tal nível precisa apenas de alguém que o oriente no intuito de encontrar a resposta que se aproxime do verdadeiro conhecimento, conforme ocorre na metodologia EAD.
Por intermédio de uma prática emancipadora, a Educação à Distância instiga o aluno a encontrar respostas para uma série de questionamentos com os quais se depara ao longo do curso.

Cartel: A proposta de Lacan no processo de aprendizagem

Cartel: A proposta de Lacan no processo de aprendizagem


Resumo:

O cartel é uma invenção de Lacan que visa manter na Escola um trabalho permanente de investigação em relação à psicanálise. Esse dispositivo adota como princípio a elaboração apoiada em um pequeno grupo, cria, porém, por sua estrutura e funcionamento, mecanismos que possam conter os efeitos grupais. Essa proposta muito contribui para EAD, uma vez que o os grupos de estudo EAD apresentam um perfil próximo ao proposto pelo Cartel.

Lacan propôs os cartéis para levar adiante um trabalho de elaboração sustentada daqueles que desejassem, trabalhando com outros, implementar uma aproximação mais decidida em relação à Psicanálise, em relação à Escola.
O trabalho da escola é o de uma elaboração sustentada num pequeno grupo O Cartel, que tem como objetivo principal, manter viva a causa analítica, através da execução de um trabalho que deve ser fruto de um produto próprio de cada um e não do coletivo. Lacan parte do pressuposto que cada individuo tem sua verdade, sendo essa verdade de origem inconsciente.
O cartel é caracterizado por Lacan como pequenos grupos, cada um deles composto por três pessoas no minimo, cinco no máximo, sendo quatro a medida certa, Mais Um. Neste caso o Mais-Um, é escolhido pelos cartelizantes, também é um participante do cartel, mantendo, como os demais, uma questão dentro do tema mais amplo de trabalho. Ele, porém, deverá sustentar uma função específica de zelar pelo trabalho dos cartelizantes, incentivando a elaboração de cada um e favorecendo a exposição dos produtos do cartel. O Mais-Um é também o elo com a Escola e responde pela orientação lacaniana no cartel.
O cartel é considerado por Lacan como orgão de base da escola e obedece a sua lógica que é a de um saber não totalizado. Visando o produto de cada um e um não um produto coletivo. Com esse produto pretende-se que cada cartelizante possa constatar e transmitir o que foi tocado na sua relação com o saber analítico.
A proposta dos carteis é de uma elaboração sustentada dentro de um pequeno grupo, dentro de uma pequena estrutura que visa diferenciar da organização de grupos em tornos de um líder ou mestre.
Nesse sentido a proposta de Lacan relacionada ao Cartel, contraria a tradição escolar, que se apoia na identificação do líder. O cartel diminue essa importância, nesse caso, o papel do professor não é o de transmitir o saber e sim o de ocupar a posição de mais um entre os aprendizes.
Desta forma percebemos que sua proposta muito se relaciona com EAD, pois nelas, o orientador, no caso do EAD (Tutor), se coloca com mais um entre os aprendizes, como um provocador, que vai provocar o aluno a buscar seu saber. O tutor terá sempre em mente que o saber produzido nunca será completo, sempre vai faltar algo mais para aprender, os membros dos grupos por sua vez, inclui sua própria condição de pensamento nesse processo de aprendizagem.