O INCESTO: A DESTRUIÇÃO FAMILIAR
Mariceli Porto Fernandes
Epecialização em Filosofia e Psicanálise
Universidade Aberta do Brasil
Universidade Federal do Espirito Santo
Resumo
O presente artigo trata de um fato difícil de ser aceito pela sociedade, que leva a destruição de uma família. O incesto um ato intimamente “Proibido”, no qual encontramos em todas as suas definições e que ainda é para nós um assunto que escapa ao esclarecimento.
Ao tentar desvendar a formação social ou comportamental do homem e compreender o seu histórico-cultural, nos deparamos com uma realidade fisiológica, cultural ou psíquica que expressam as relações e fatos que os envolve numa situação que consideramos “animal”. Para Freud a proibição do incesto é vista como neurose ou problema psíquico, enquanto para Levi-Strauss como um problema social.
Palavras-chave: incesto, família, cultura, comportamento.
Abstract
This article deals with a difficult fact to be accepted by society, which leads to destruction of a family. Incest an act intimately "Forbidden", in which we find in all your settings and still is for us a matter that escapes explanation.
When trying to unravel the social or behavioral training of men and understand their historical and cultural reality faced with a physiological, psychological or cultural relations and expressing the facts that involves a situation that we consider "animal". For Freud the prohibition of incest is seen as neurosis or psychological problem, while for Levi-Strauss as a social problem.
Keywords: incest, family, culture, behavior.
Introdução
Freud e Levi-Strauss construíram suas análises a respeito da proibição do incesto a partir de teorias distintas e diferenciadas e desenvolveram suas teses também de forma diferenciada para explicar o que leva o homem a esse tipo de comportamento, que não será aqui comparada.
Num primeiro momento deste trabalho cito a contribuição de Freud, em seguida a contribuição de Strauss e para concluir realizarei uma reflexão referente à proibição do incesto e casos ocorridos na sociedade atual.
A proibição do incesto contém em si elementos que nos leva ao entendimento sobre o desenvolvimento cultural do homem de todos os tempos e principalmente do homem moderno.
Freud e Levi-Strauss buscaram as raízes da formação social do homem para tentar compreender o seu comportamento. Strauss analisa a proibição do incesto no modo em que o homem relaciona-se com o outro sexo, e como que “instintivamente” cria elementos de ética, moral e julgamento para quem não cumpre a regra. Freud também de maneira semelhante recorre à proibição do incesto, e busca através de seus estudos e analises compreender o inconsciente humano e suas neuroses, para entender os seus desejos.
1- O Olhar de Freud e o Horror ao Incesto
Em Totem e Tabu, Freud compara os ritos dos povos primitivos fazendo uma conexão entre a cultura e psicanálise, constatando que o totenismo não diverge dos costumes da nossa sociedade atual.
O totem define uma consangüinidade e a proibição ante o incesto entre membros do mesmo clã, que é fundamental para a preservação de toda a comunidade, assim como nós defendemos o incesto em nossa família, e nos escandalizamos quando lemos ou vemos reportagens a este respeito.
Freud pesquisa os povos aborígines australianos, que se mostram rigorosos e interceptores nas relações sexuais incestuosas, com regras e normas estabelecidas através do sistema totêmico, dividindo a sociedade em clãs que tem cada um o seu totem.
“esses selvagens têm um horror excepcional intenso ao incesto, ou são sensíveis ao assunto num grau fora do comum, e que aliam isso a uma peculiaridade que permanece obscura para nós: a de substituir o parentesco consangüíneo real pelo parentesco totêmico”. (p. 25)
Assim esse totem representado por um animal que pode ser comível e inofensivo, ou perigoso e temido, raramente representado por uma planta ou fenômeno natural como a chuva ou água, que Freud define como tendo dois sentidos contraditórios: por um lado “sagrado” e por outro “proibido”, com regras, normas e leis do totem que devem ser respeitadas e cumpridas e transmitidas hereditariamente por linhagem paternal ou maternal. Essa proibição do incesto não se da de forma automática, ela é vigiada por toda a tribo, pois essa proibição está ligada ao desejo de cometê-la, e aquele que desobedece torna-se um perigo, ameaça para toda a tribo e pode ser levada a morte.
Para manter a proibição, o homem, no seu desenvolvimento histórico-cultural cria tabus para expressar o que é sagrado, perigoso, proibido ou impuro. O tabu é uma proibição primeva, que impõe e é dirigida contra os anseios e desejos que estão sujeitos os homens.
Partindo desta analise, Freud defende a tese de que os “selvagens” tem mais escrúpulos do que nós nesta questão, talvez pelo fato de se acharem mais sujeitos ás tentações e daí precisarem dessa proteção.
2 - Levi-Strauss e o Incesto
Para Strauss o homem é formado por dimensões distintas, que apresentam reações internas e externas de acordo coma sua natureza e situação.
Strauss em sua tese encontra o sentido da proibição do incesto e o seu significado na construção cultural do homem, e estabelece limites e possibilidades em suas relações, a proibição do incesto ao seu olhar é social, imposta por normas e atitudes, e expressam o grau máximo da natureza animal do homem.
O incesto para ele é um fenômeno social que permite um estudo das relações biológicas e sociais do homem e a sua proibição não pertence nem a um nem a outro.
Para Levi-Strauss, assim como para Freud a proibição do incesto é um fenômeno sócio-cultural de caráter universal, que gera nas mais diversas culturas: comportamentos, regras, leis, moral e ética na formação social de cada povo, e o Tabu é para o homem a expressão de como ele cria um conjunto de meios, estratégias e mecanismos para lidar com a sua relação com o meio ambiente.
E partindo daí Levi-Strauss faz um estudo sobre o problema do incesto mostrando como o homem constrói, desde a sociedade primitiva, mecanismos para impedir relações que na consciência humana não são coerentes com a sua própria razão.
3- O Incesto no Mundo Contemporâneo
A proibição do incesto é sem dúvida um fenômeno universal, não explicável nem tão pouco aceitável. Sabemos que na nossa sociedade existem normas que proíbem o casamento entre pessoas que tem um determinado grau de parentesco, e esta sociedade ainda têm dificuldades em aceitar e lidar com o fato de uma família ser desestruturada ou destruída, no ambiente que para nós é configurado o mais seguro. Devemos ressaltar que a proibição do incesto é representada por mitos, religiões e códigos, é uma regra universal que em nosso Código Civil não é explicada, é considerada crime no nosso Código Penal (1940), Título VI Dos Crimes Contra os Costumes, também representada em nossa Constituição Federal (1988) através da Lei n 11.340, de 7-8-2006 (Lei que Coíbe a Violência Domiciliar Contra a Mulher), Cap. VII Da Família, Da Criança, Do Adolescente e Do Idoso, Art. 226. Que diz “A Família é à base da sociedade e que o Estado deve criar meios para coibir a violência intrafamiliar”.
Segundo Levi-Strauss a proibição do casamento entre parentes próximos pode ter um campo de aplicação variável, mas o desejo e as relações sexuais entre eles continuam presente em qualquer grupo, Segundo Freud, o desejo inconsciente e incestuoso pode estar presente em todos os indivíduos, assim como em Édipo e Electra, e suas teorias têm sido utilizadas para explicar a finalidade desta proibição e podem ser apresentadas nas formas: biológicas, sociais e psicológicas.
Pensando dessa forma, vemos que a teoria biológica analisa o incesto e os malefícios que o ato pode trazer aos descendentes pelo cruzamento de genes semelhantes, genes recessivos, contudo se essa teoria fosse biologicamente respeitada ou aceita não precisaria ser proibida por lei social, com isso vemos que a questão passa do aspecto biológico para o sócio-cultural.
A teoria social prioriza a importância do cruzamento de indivíduos geneticamente diferentes, possibilitando o desenvolvimento do individuo e da família permitindo a diferenciação e a função simbólica de cada um (pai, mãe e irmãos), já a teoria psicológica coloca o incesto como um problema mental, neuroses, problemas psicológico mal resolvido. Nessa linha de reflexão vemos que mesmo causando repulsa e sendo raras as relações incestuosas entre pais e filhos, entre irmão ou entre outros graus de parentesco o incesto é real, e ainda não são tratados como questão de saúde pública, nem são levados a tribunais de júri, muito menos são vistos como uma preocupação educacional é tratada como mais um caso raro ocorrido. No contexto atual vimos recentemente em reportagem sobre o pai maranhense, que teve sete filhos com a própria filha, um pescador que vivia em condições precárias, isolado, sem acesso a educação, o que não justifica o ato, mas colaborou segundo psiquiatras para o abuso do pai com a filha.
Assim também como o caso do engenheiro austríaco que também abusou sexualmente de sua filha e a manteve em cárcere privado, tendo sete filhos com ela, apesar de serem pessoas com níveis sociais, culturais e sócio econômico diferentes, causando horror á sociedades mundiais, talvez não imaginadas por eles, mas causando horror e repulsa, pois a figura do pai é para todos de proteção e não domínio e abuso, e mesmo sabendo que o pai maranhense tinha condições precárias e vivia em isolamento, esse argumento não justifica o que ele fez, mesmo porque nem sempre a sua vida foi isolada.
No entanto em algumas regiões do interior do Brasil é costume os homens iniciarem a vida sexual de suas filhas, com a idéia de que o pai tem mais experiência e conhecimento de mundo. Para exemplificar em algumas regiões interioranas do Tocantins, há relatos de meninas que foram abusadas pelos pais, porque lá é considerada “obrigação do pai”, iniciar sexualmente suas filhas, trazendo a essas meninas diversas conseqüências como: distúrbio emocional, social e gravidez precoce e indesejada, e sentem-se impotentes, não reagindo contra o próprio pai, figura de respeito e obediência, surgindo daí a lenda dos Botos, para justificar a sua gravidez e tirar a culpa do pai.
O incesto apesar de muitas vezes ficar encoberto, sem repercussão nacional ou mundial, continuará sendo um caso absurdo e moralmente condenável, que ainda acontece em muitas famílias da nossa sociedade e até em nossa própria, porque o casamento ou as relações entre primos cruzados que é o tipo de incesto que mais acontece em nosso país não atinge a esta proibição aqui referida, e acaba ficando apenas na consciência dos homens e como segredo bem guardado pela família, para que a sua destruição e vergonha não sejam ainda maiores.
Considerações Finais
Podemos dizer que Freud em seu ensaio mostra um problema atual, que muitas vezes encarado como divertido e inocente, cada vez mais presente em nossa sociedade que pode levar uma família a destruição, por pessoas que não conseguem controlar seus instintos ou interromper pensamentos que podem levar ao incesto.
Mesmo procurando entender que a questão do incesto pode ser biológica, antropológica, psíquica ou provavelmente uma mistura de tudo isso, que acontecem raramente (ou raramente é divulgada) ainda nos causa repulsa e vai continuar sendo para a nossa sociedade condenável.
No mundo contemporâneo, a proibição do incesto mesmo não sendo punido criminalmente e que permita casamento entre tio/tia, sobrinho/sobrinha, primo/prima, continuará sendo para todos incesto.
Referências Bibliográficas
SAFATLE, Vladimir, (2010) Freud como teórico da modernidade bloqueada, Universidade Aberta do Brasil, Universidade do Espírito Santo.
FREUD, S. (1913) Totem e Tabu. In: FREUD, S. Obras psicológicas completas. Rio de Janeiro, Imago, 1980. v. 7.
CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 16ª Edição, Editora Rideel.
VADE MECUN RT, Editora Revista dos Tribunais.
SILVA, Gastão Pereira da, Para Compreender Freud, Editora Itatiaia Limitada.
O PENSAMENTO VIVO DE FREUD, Editora Ilustrada, 1984.
PT. WIKIPEDIA.ORG/wiki/Incesto
Mariceli Porto Fernandes
Epecialização em Filosofia e Psicanálise
Universidade Aberta do Brasil
Universidade Federal do Espirito Santo
Resumo
O presente artigo trata de um fato difícil de ser aceito pela sociedade, que leva a destruição de uma família. O incesto um ato intimamente “Proibido”, no qual encontramos em todas as suas definições e que ainda é para nós um assunto que escapa ao esclarecimento.
Ao tentar desvendar a formação social ou comportamental do homem e compreender o seu histórico-cultural, nos deparamos com uma realidade fisiológica, cultural ou psíquica que expressam as relações e fatos que os envolve numa situação que consideramos “animal”. Para Freud a proibição do incesto é vista como neurose ou problema psíquico, enquanto para Levi-Strauss como um problema social.
Palavras-chave: incesto, família, cultura, comportamento.
Abstract
This article deals with a difficult fact to be accepted by society, which leads to destruction of a family. Incest an act intimately "Forbidden", in which we find in all your settings and still is for us a matter that escapes explanation.
When trying to unravel the social or behavioral training of men and understand their historical and cultural reality faced with a physiological, psychological or cultural relations and expressing the facts that involves a situation that we consider "animal". For Freud the prohibition of incest is seen as neurosis or psychological problem, while for Levi-Strauss as a social problem.
Keywords: incest, family, culture, behavior.
Introdução
Freud e Levi-Strauss construíram suas análises a respeito da proibição do incesto a partir de teorias distintas e diferenciadas e desenvolveram suas teses também de forma diferenciada para explicar o que leva o homem a esse tipo de comportamento, que não será aqui comparada.
Num primeiro momento deste trabalho cito a contribuição de Freud, em seguida a contribuição de Strauss e para concluir realizarei uma reflexão referente à proibição do incesto e casos ocorridos na sociedade atual.
A proibição do incesto contém em si elementos que nos leva ao entendimento sobre o desenvolvimento cultural do homem de todos os tempos e principalmente do homem moderno.
Freud e Levi-Strauss buscaram as raízes da formação social do homem para tentar compreender o seu comportamento. Strauss analisa a proibição do incesto no modo em que o homem relaciona-se com o outro sexo, e como que “instintivamente” cria elementos de ética, moral e julgamento para quem não cumpre a regra. Freud também de maneira semelhante recorre à proibição do incesto, e busca através de seus estudos e analises compreender o inconsciente humano e suas neuroses, para entender os seus desejos.
1- O Olhar de Freud e o Horror ao Incesto
Em Totem e Tabu, Freud compara os ritos dos povos primitivos fazendo uma conexão entre a cultura e psicanálise, constatando que o totenismo não diverge dos costumes da nossa sociedade atual.
O totem define uma consangüinidade e a proibição ante o incesto entre membros do mesmo clã, que é fundamental para a preservação de toda a comunidade, assim como nós defendemos o incesto em nossa família, e nos escandalizamos quando lemos ou vemos reportagens a este respeito.
Freud pesquisa os povos aborígines australianos, que se mostram rigorosos e interceptores nas relações sexuais incestuosas, com regras e normas estabelecidas através do sistema totêmico, dividindo a sociedade em clãs que tem cada um o seu totem.
“esses selvagens têm um horror excepcional intenso ao incesto, ou são sensíveis ao assunto num grau fora do comum, e que aliam isso a uma peculiaridade que permanece obscura para nós: a de substituir o parentesco consangüíneo real pelo parentesco totêmico”. (p. 25)
Assim esse totem representado por um animal que pode ser comível e inofensivo, ou perigoso e temido, raramente representado por uma planta ou fenômeno natural como a chuva ou água, que Freud define como tendo dois sentidos contraditórios: por um lado “sagrado” e por outro “proibido”, com regras, normas e leis do totem que devem ser respeitadas e cumpridas e transmitidas hereditariamente por linhagem paternal ou maternal. Essa proibição do incesto não se da de forma automática, ela é vigiada por toda a tribo, pois essa proibição está ligada ao desejo de cometê-la, e aquele que desobedece torna-se um perigo, ameaça para toda a tribo e pode ser levada a morte.
Para manter a proibição, o homem, no seu desenvolvimento histórico-cultural cria tabus para expressar o que é sagrado, perigoso, proibido ou impuro. O tabu é uma proibição primeva, que impõe e é dirigida contra os anseios e desejos que estão sujeitos os homens.
Partindo desta analise, Freud defende a tese de que os “selvagens” tem mais escrúpulos do que nós nesta questão, talvez pelo fato de se acharem mais sujeitos ás tentações e daí precisarem dessa proteção.
2 - Levi-Strauss e o Incesto
Para Strauss o homem é formado por dimensões distintas, que apresentam reações internas e externas de acordo coma sua natureza e situação.
Strauss em sua tese encontra o sentido da proibição do incesto e o seu significado na construção cultural do homem, e estabelece limites e possibilidades em suas relações, a proibição do incesto ao seu olhar é social, imposta por normas e atitudes, e expressam o grau máximo da natureza animal do homem.
O incesto para ele é um fenômeno social que permite um estudo das relações biológicas e sociais do homem e a sua proibição não pertence nem a um nem a outro.
Para Levi-Strauss, assim como para Freud a proibição do incesto é um fenômeno sócio-cultural de caráter universal, que gera nas mais diversas culturas: comportamentos, regras, leis, moral e ética na formação social de cada povo, e o Tabu é para o homem a expressão de como ele cria um conjunto de meios, estratégias e mecanismos para lidar com a sua relação com o meio ambiente.
E partindo daí Levi-Strauss faz um estudo sobre o problema do incesto mostrando como o homem constrói, desde a sociedade primitiva, mecanismos para impedir relações que na consciência humana não são coerentes com a sua própria razão.
3- O Incesto no Mundo Contemporâneo
A proibição do incesto é sem dúvida um fenômeno universal, não explicável nem tão pouco aceitável. Sabemos que na nossa sociedade existem normas que proíbem o casamento entre pessoas que tem um determinado grau de parentesco, e esta sociedade ainda têm dificuldades em aceitar e lidar com o fato de uma família ser desestruturada ou destruída, no ambiente que para nós é configurado o mais seguro. Devemos ressaltar que a proibição do incesto é representada por mitos, religiões e códigos, é uma regra universal que em nosso Código Civil não é explicada, é considerada crime no nosso Código Penal (1940), Título VI Dos Crimes Contra os Costumes, também representada em nossa Constituição Federal (1988) através da Lei n 11.340, de 7-8-2006 (Lei que Coíbe a Violência Domiciliar Contra a Mulher), Cap. VII Da Família, Da Criança, Do Adolescente e Do Idoso, Art. 226. Que diz “A Família é à base da sociedade e que o Estado deve criar meios para coibir a violência intrafamiliar”.
Segundo Levi-Strauss a proibição do casamento entre parentes próximos pode ter um campo de aplicação variável, mas o desejo e as relações sexuais entre eles continuam presente em qualquer grupo, Segundo Freud, o desejo inconsciente e incestuoso pode estar presente em todos os indivíduos, assim como em Édipo e Electra, e suas teorias têm sido utilizadas para explicar a finalidade desta proibição e podem ser apresentadas nas formas: biológicas, sociais e psicológicas.
Pensando dessa forma, vemos que a teoria biológica analisa o incesto e os malefícios que o ato pode trazer aos descendentes pelo cruzamento de genes semelhantes, genes recessivos, contudo se essa teoria fosse biologicamente respeitada ou aceita não precisaria ser proibida por lei social, com isso vemos que a questão passa do aspecto biológico para o sócio-cultural.
A teoria social prioriza a importância do cruzamento de indivíduos geneticamente diferentes, possibilitando o desenvolvimento do individuo e da família permitindo a diferenciação e a função simbólica de cada um (pai, mãe e irmãos), já a teoria psicológica coloca o incesto como um problema mental, neuroses, problemas psicológico mal resolvido. Nessa linha de reflexão vemos que mesmo causando repulsa e sendo raras as relações incestuosas entre pais e filhos, entre irmão ou entre outros graus de parentesco o incesto é real, e ainda não são tratados como questão de saúde pública, nem são levados a tribunais de júri, muito menos são vistos como uma preocupação educacional é tratada como mais um caso raro ocorrido. No contexto atual vimos recentemente em reportagem sobre o pai maranhense, que teve sete filhos com a própria filha, um pescador que vivia em condições precárias, isolado, sem acesso a educação, o que não justifica o ato, mas colaborou segundo psiquiatras para o abuso do pai com a filha.
Assim também como o caso do engenheiro austríaco que também abusou sexualmente de sua filha e a manteve em cárcere privado, tendo sete filhos com ela, apesar de serem pessoas com níveis sociais, culturais e sócio econômico diferentes, causando horror á sociedades mundiais, talvez não imaginadas por eles, mas causando horror e repulsa, pois a figura do pai é para todos de proteção e não domínio e abuso, e mesmo sabendo que o pai maranhense tinha condições precárias e vivia em isolamento, esse argumento não justifica o que ele fez, mesmo porque nem sempre a sua vida foi isolada.
No entanto em algumas regiões do interior do Brasil é costume os homens iniciarem a vida sexual de suas filhas, com a idéia de que o pai tem mais experiência e conhecimento de mundo. Para exemplificar em algumas regiões interioranas do Tocantins, há relatos de meninas que foram abusadas pelos pais, porque lá é considerada “obrigação do pai”, iniciar sexualmente suas filhas, trazendo a essas meninas diversas conseqüências como: distúrbio emocional, social e gravidez precoce e indesejada, e sentem-se impotentes, não reagindo contra o próprio pai, figura de respeito e obediência, surgindo daí a lenda dos Botos, para justificar a sua gravidez e tirar a culpa do pai.
O incesto apesar de muitas vezes ficar encoberto, sem repercussão nacional ou mundial, continuará sendo um caso absurdo e moralmente condenável, que ainda acontece em muitas famílias da nossa sociedade e até em nossa própria, porque o casamento ou as relações entre primos cruzados que é o tipo de incesto que mais acontece em nosso país não atinge a esta proibição aqui referida, e acaba ficando apenas na consciência dos homens e como segredo bem guardado pela família, para que a sua destruição e vergonha não sejam ainda maiores.
Considerações Finais
Podemos dizer que Freud em seu ensaio mostra um problema atual, que muitas vezes encarado como divertido e inocente, cada vez mais presente em nossa sociedade que pode levar uma família a destruição, por pessoas que não conseguem controlar seus instintos ou interromper pensamentos que podem levar ao incesto.
Mesmo procurando entender que a questão do incesto pode ser biológica, antropológica, psíquica ou provavelmente uma mistura de tudo isso, que acontecem raramente (ou raramente é divulgada) ainda nos causa repulsa e vai continuar sendo para a nossa sociedade condenável.
No mundo contemporâneo, a proibição do incesto mesmo não sendo punido criminalmente e que permita casamento entre tio/tia, sobrinho/sobrinha, primo/prima, continuará sendo para todos incesto.
Referências Bibliográficas
SAFATLE, Vladimir, (2010) Freud como teórico da modernidade bloqueada, Universidade Aberta do Brasil, Universidade do Espírito Santo.
FREUD, S. (1913) Totem e Tabu. In: FREUD, S. Obras psicológicas completas. Rio de Janeiro, Imago, 1980. v. 7.
CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 16ª Edição, Editora Rideel.
VADE MECUN RT, Editora Revista dos Tribunais.
SILVA, Gastão Pereira da, Para Compreender Freud, Editora Itatiaia Limitada.
O PENSAMENTO VIVO DE FREUD, Editora Ilustrada, 1984.
PT. WIKIPEDIA.ORG/wiki/Incesto
Parabéns pelo artigo você é uma guerreira incasável.
ResponderExcluirSua participação no grupo é muito significativa.
Diante de alguma dificuldade conte comigo.
Att.
Adriana Paula